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Que alguém ponha ordem no circo

Mariano Quissola
28/6/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

Ambiente de negócio é a palavra-chave para caracterizar os níveis de oportunidade e competitividade de uma economia.

Ambiente de negócio é a palavra-chave para caracterizar os níveis de oportunidade e competitividade de uma economia. Em Angola, o termo é, habitualmente, atrelado à diversificação económica, uma música cujo refrão foi composto pelo saudoso Presidente Neto. ‘A agricultura a base, a indústria o factor decisivo’.

Passados mais de 47 anos do domínio colonial e 21 do conflito armado, mais ninguém sente entusiasmo da música, nem mesmo os investidores estrangeiros, apesar de reconhecerem o potencial da economia nacional, que precisa de investimento de dinheiro fresco para transformar o potencial em riqueza líquida.

Se, por um lado, o Executivo coloca sobre as costas do sector privado (nacional e estrangeiro) a responsabilidade de ser o motor da economia, por outro, o mesmo Executivo, por via das diversas instituições, constitui-se na principal barreira ao investimento.
O acesso aos vistos de trabalho continua a ser um irritante, não obstante o Decreto Presidencial n.º 151/17, de 4 Julho, que determina que “o visto de trabalho pode ser concedido até ao termo do contrato de trabalho, de acordo com a duração do contrato estabelecido entre o empregador e o trabalhador e eventuais renovações”.

Para uma economia em que a mão-de-obra qualificada é exígua, é contraproducente o discurso oficial andar na contramão da vida real que se vive nas diversas instituições que intervêm no ambiente de negócios. As queixas da burocracia nas instituições são iguais, por exemplo, em Angola e em Portugal. João Traça, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola, confirma isso, na entrevista que concedeu à E&M, disponível nesta edição.

Por esta e outras razões, conta, as relaçoes comerciais entre Angola e Portugal, com 44 anos de existência, estão em queda livre. As trocas comerciais entre os dois países registaram um desinvestimento de 170 milhões de euros, em 2021, da parte portuguesa; e o investimento directo angolano em Portugal sofreu uma quebra no valor aproximado de 130 milhões, passando de cerca de 270 milhões, em 2020, para 30 milhões de euros em 2021, segundo dados do Banco de Portugal. Que alguém ponha ordem no ambiente de negócio!

Leia o artigo completo na edição de Junho, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Someone needs to put order in the circus

Business environment is the keyword to characterize the levels of opportunity and competitiveness of an economy. In Angola, the term is usually linked to economic diversification, a song whose chorus was composed by the late President Neto. ‘Agriculture as the base, industry as the decisive factor.’

After more than 47 years of colonial domination and 21 years of armed conflict, no one feels the enthusiasm of the song anymore. Not even foreign investors, despite recognizing the potential of the national economy, which needs fresh money investment to turn potential into liquid wealth.

On the one hand, the government places the responsibility of being the engine of the economy on the shoulders of the private sector (national and foreign), and on the other hand, the same government, through various institutions, becomes the main barrier to investment.
Access to work visas continues to be annoying, despite Presidential Decree 151/17 of July 4, which determines that “the work visa can be granted until the end of the employment contract, according to the duration of the contract established between the employer and the worker and any renewals.”

For an economy where skilled labor is scarce, it is counterproductive for the official discourse to go against the real-life experienced in the various institutions that intervene in the business environment. Complaints about bureaucracy in institutions are the same, for example, in Angola and Portugal. João Traça, president of the Portugal-Angola Chamber of Commerce and Industry, confirms this in an interview he granted to E&M, available in this edition.

For this and other reasons, he says, commercial relations between Angola and Portugal, with 44 years of existence, are in free fall. Trade between the two countries recorded a disinvestment of 170 million euros in 2021 on the Portuguese side, and Angolan direct investment in Portugal suffered a drop in value of approximately 130 million, going from around 270 million in 2020 to 30 million euros in 2021, according to data from the Bank of Portugal. Someone needs to put order in the business environment!

Read the full article in the May issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).