Dois maiores clubes do País realizaram, neste sábado, 30, em Luanda, assembleias de fim e renovação de mandatos, longe da habitual mediatização, pelo facto de os pleitos terem decorrido com candidatos únicos: general Gouveia de Sá Miranda, confirmado novo presidente do clube militar, e Tomás Faria, que se mantém de ‘pedra e cal’ na liderança da formação tricolor.
O 9.º presidente do Clube Desportivo 1.º de Agosto foi eleito com uma maioria de 85,5% da massa votante, concretamente com 2.341 votos a favor.
Não obstante o jurista Egas Viegas ter anunciado, nas redes sociais, desistência do pleito um dia antes do certame, a Comissão Eleitoral manteve o seu nome no boletim de voto.
Prevista inicialmente para colocar frente a frente três concorrentes, a assembleia no D’Agosto acabou por se realizar com um único candidato, após o também general Carlos Hendrick, que liderou o clube durante 13 anos, ter anunciado, uma semana antes do acto, a desistência do pleito.
Os dois iniciais candidatos ao trono da agremiação afecta às Forças Armadas Angolanas (FAA) queixaram-se de supostas irregularidades no processo eleitoral, não rebatidas, entretanto, publicamente, pelo elenco que presidiu à Comissão Eleitoral, que teve à testa o também general Pedro Neto.
Carlos Hendrick denunciou, em plena Rádio D’Agosto, alegadas infiltrações de elementos estranhos à massa votante durante numa importante assembleia extraordinária, que antecedeu o pleito eleitoral deste sábado.
“Querer-se levar para a assembleia indivíduos que não sejam sócios do clube isso, de facto, é uma grande violação dos Estatutos e violação da nossa realidade (...) Isso é impossível. Não pode!”, desabafou o dirigente, que deixa um legado de gestão marcado, entre outros, pela construção de várias infra-estruturas desportivas, mas, também, marcado por uma crise financeira sem precedentes já na fase final do seu percurso directivo.
Já o advogado Egas Viegas recorreu à sua conta oficial do Facebook para anunciar o abandono do processo, alegando, igualmente, supostas irregularidades na condução do pleito.
“Peço desculpas a todos os que apoiaram o nosso sonho e milagre, mas tenho de ser homem o bastante para assumir que estão criadas as condições para não termos um pleito justo e democrático. Jogo a toalha ao tapete, não por sermos incapazes, mas porque renunciamos ser cobaias e patos em festas alheias”, escreveu o advogado, um dia antes da realização das eleições.
No texto em que se apresentou como “ex-candidato a presidente” do 1.º de Agosto, Egas Viegas denunciou supostos esquemas para condicionar os subscritores da sua lista, além de se ter queixado de alegadas arbitrariedades na composição da massa votante e uma suposta promiscuidade na movimentação dos associados para o local do voto.
A revista E&M tentou o contacto junto da Comissão Eleitoral que conduziu o pleito no 1.º de Agosto, mas não foi bem-sucedida.
‘Em equipa que ganha não se mexe’
No Petro de Luanda, as eleições para a renovação de corpos sociais foram marcadas com a confirmação de um terceiro mandato para Tomás Faria, cuja direcção vem cumprindo um programa de gestão sistematizada, iniciada com a implementação de um plano de saneamento financeiro e que, agora, sobretudo no futebol, tem evidenciado resultados vistosos, tanto nas provas internas como externas.
No dia em que Tomás Faria foi reconduzido ao cargo de presidente do mais titulado clube do Girabola (venceu as duas últimas edições), o Petro de Luanda foi a Kinshasa impor um rigoroso empate diante do TP Mazembe, no jogo da primeira-mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Africanos de futebol.