O conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua a mudar as perspectivas económicas mundiais, com repercussões gravosas para os países em desenvolvimento, principalmente com a recente quebra do acordo de cereais do Mar Negro.
O impacto da inflação global e as medidas dos principais bancos centrais para protegerem as suas economias arrastam os países da África Subsariana (dependentes da importação) para um campo minado onde o próximo passo ditará o destino económico e, acima de tudo, o político.
As fragilidades económicas agravaram-se. Se antes os desafios da sustentabilidade eram apenas tópicos na agenda de médio-prazo, hoje o quadro impera que as mesmas transcendam para um plano de acção imediata.
Angola e os seus pares da região precisam de despertar para evitar que a crise económica se alastre para a crise social e política sem retorno. Mais do que palavras, as acções devem reflectir as intenções de mudanças. Potenciar o empresariado, em meio a um cenário de incerteza, deve ser a visão e a missão de importância nacional, sem cor ou filiação partidária. A única discriminação aceitável é a que separa os bons dos maus projectos.
O financiamento ao sector produtivo sem o respectivo acompanhamento, como foi o Angola Investe e outros antes destes, produziu uma taxa de insucesso na ordem de 90%, o que conduziu Angola para um quadro de elevado incumprimento com a banca, infra-estruturas megalómanas que nada mais são, senão verdadeiros elefantes brancos. Os casos de sucessos existem, mas são poucos.
A responsabilidade é de todos, desde os criadores de políticas públicas à banca, consultoras e, acima de tudo, beneficiários dos financiamentos. Na elaboração dos programas, deve-se ter em conta o perfil do investidor nacional, rico em motivação para empreender, mas pobre em experiência na gestão e desenvolvimento de negócios.
Perante este cenário, não basta criar linhas de financiamentos nem as carnavalizar com acções propagandísticas e exposições midiáticas. O desafio deve ser acompanhar o desenvolvimento desses projectos, auscultar os promotores e outros intervenientes, para assegurar que a execução seja triunfal e os resultados tenham o impacto esperado.
Estamos perante uma crise alimentar, sem previsões animadoras. Por falta de fiscalização adequada, as acções tomadas não foram capazes de garantir a existência de um stock nacional para situações de calamidade, crise generalizada ou fecho dos canais internacionais de importação.
Leia o artigo completo na edição de Agosto, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).
Supervise to develop
"Uncertainty is the only certainty," this adage has gained strength during the pandemic and remains relevant to this day. The conflict between Russia and Ukraine continues to change global economic perspectives, with serious repercussions for developing countries, especially with the recent breakdown of the Black Sea grain agreement.
The impact of global inflation and the measures taken by major central banks to protect their economies are dragging Sub-Saharan African countries (dependent on imports) into a minefield where the next step will determine their economic and, above all, political fate.
Economic vulnerabilities have worsened, and if sustainability challenges were only topics on the medium-term agenda before, today the situation requires them to be transcended to an immediate action plan.
Angola, like its peers in the region, needs to wake up to prevent the economic crisis from spreading to a social and political crisis with no return. More than words, actions must reflect the intentions of change. Empowering entrepreneurs in the midst of uncertainty should be the vision and mission of national importance, without color or party affiliation. The only acceptable discrimination is that which separates good from bad projects.
Funding for the productive sector without proper monitoring, such as Angola Investe and others before them, produced a failure rate of around 90%, which led Angola to a situation of high default with the banks, megalomaniacal infrastructures that are nothing more than white elephants. Success stories exist, but they are few.
Responsibility lies with everyone, from policy makers, banks, consultants, and, above all, financing beneficiaries. In program development, the profile of the national investor, rich in motivation to undertake but poor in experience in business management and development, must be taken into account.
In this scenario, it is not enough to create financing lines and carnivalize them with propaganda actions and media exposure. The challenge should be to monitor the development of these projects, listen to promoters and other stakeholders, to ensure that execution is triumphant and results have the expected impact.
We are facing a food crisis, with no encouraging forecasts. Due to inadequate monitoring, the actions taken were not able to guarantee the existence of a national stock for situations of calamity, general crisis, or closure of international import channels.
Read the full article in the August issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).