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Tribos de Angola e Namíbia registam ritual de preservação de lugares sagrados em livro

Victória Maviluka
18/6/2024
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Foto:
DR

Protocolos comunitários incluem a preservação de locais sagrados e, como tal, as empresas que pretendam desenvolver determinadas áreas devem primeiro pedir permissão.

Um livro elaborado pelo Natural Justice e pelo International Rivers compilou detalhes do estilo de vida, território, vida selvagem e ambiente notável das tribos Ovaherero em Kaokoland, em ambos os lados da fronteira entre a Namíbia e Angola. 

Os protocolos comunitários bioculturais (BCPs) destas comunidades incluem a preservação de locais sagrados e, como tal, as empresas que pretendam desenvolver determinadas áreas devem primeiro pedir permissão às comunidades residentes nessas áreas. 

Entretanto, citado pelo jornal Namibian Sun, Alphons Koruhama, defensor do documento compilado ao longo dos últimos dois anos, observou que este ritual não acontece no momento.

“Nós, os Ovaherero de Kaokoland – também referidos como os Ovahimba da Namíbia e de Angola –, mantivemos uma existência distinta ao longo dos séculos em termos de utilização do nosso ambiente rico e variado”, referiram os membros das comunidades. 

“Nós cuidamos desses recursos ao longo dos séculos e os preservamos até hoje. Mas hoje, os nossos meios de subsistência – que dependem deste ambiente frágil – estão ameaçados pela seca, pelo desenvolvimento insustentável e pela modernidade”, acrescentaram.

No recente lançamento do livro em Windhoek, Koruhama informou que 84 chefes de tribos da Namíbia e 10 de Angola contribuíram para o documento, e ansiou que o BCP seja ensinado nas escolas.

“Se não os treinarmos, a nossa cultura perder-se-á”

Em nome dos jovens do grupo, Uazepa Mbendura disse que o BCP os capacitou para preservar a sua cultura, o ambiente e os habitantes desse ambiente. 

“A nossa futura geração, os nossos jovens vão à escola e adoptam culturas diferentes, ficam confusos. Se não os treinarmos, a nossa cultura perder-se-á e desaparecerá juntamente com os mais velhos”, observaram, citados pelo Namibian Sun.

Muatjupika Kapika, que representou os chefes, lamentou a ausência de líderes governamentais no lançamento do documento, apesar dos convites formulados: "Dói termos convidado as partes interessadas do governo, mas elas não estão aqui. Mas ainda lutamos", afirmou.

“Mas o invasor virá à nossa terra e, em nome da lei, nos dirá que estamos a impedir o desenvolvimento, porque estamos a proteger a nossa cultura. Como é possível que você conheça alguém mais velho que você, e, em seu próprio território, quer instrui-lo?", indagou Kapika.