Um central que defende, ataca e… marca. A atravessar os 32 anos, Bastos Quissanga, o jogador formado no ASA e Petro de Luanda, está feito um autêntico ‘fenómeno’ no Botafogo.
Titular indiscutível no plantel do clube do Rio de Janeiro, o craque angolano, de 32 anos, que já vestiu a braçadeira de capitão do Botafogo, tem feito jus a este estatuto e com argumentos de sobra: marca tentos decisivos.
Aliás, é pela veia ‘matadora’ de Bastos que, sobretudo, o Botafogo se catapultou para os lugares cimeiros nas últimas jornadas do Brasileirão, a competição ‘rainha’ do desporto brasileiro.
Eis os números que fazem de Bastos cada vez mais influente no plantel orientado pelo treinador português Artur Jorge: à saída da 7.ª Jornada, o Botafogo ocupava o 3.º lugar e, nas três jornadas seguintes, assumiu o comando da prova, após duas vitórias e empate, com Bastos a apontar dois dos quatro golos que permitiram o ‘assalto’ à liderança da competição.
Segundo a classificação do Brasileirão nesta quinta-feira, 20, o Botafogo conta com 20 pontos, à frente, ainda que à condição, do Flamengo (tem menos um jogo) e do Athletico Paranaense, que somam 18 pontos, na 2.ª e 3.ª posições, respectivamente.
Exibição atiça polémica sobre afastamento da Selecção
Um capitão da Selecção Nacional com performance a alto nível num ‘país do futebol’, mas excluído dos Palancas Negras. Eis um cenário que alimenta a polémica à volta da ausência, já prolongada, de Bastos Quissanga da formação comandada por Pedro Gonçalves.
Apesar da pressão dos aficionados da modalidade no País, estão ainda por apurar tacitamente as reais razões que estão na base da não convocação do experiente defesa.
No entanto, na única abordagem ao assunto, Artur Almeida e Silva, presidente da Federação Angolana de Futebol, terá deixado escapar as razões do ‘divórcio’ entre a FAF e Bastos ao referir-se a aspectos disciplinares: “Quando se reúne um grupo, existem regras e princípios a serem adoptados”.
Sem ter sido incisivo na abordagem, o ‘N.º 1’ do órgão reitor do futebol em Angola ‘investiu’ em tentar encerrar a polémica: “Não há mais comentário a fazer. Este é um não-assunto”.
Em relação a Bastos, são também recentes as suas declarações à imprensa brasileira à volta da Selecção Nacional. Entretanto, a abordagem do defesa central esteve longe de explicar a polémica, tampouco de a alimentar.
“Obviamente, todo o jogador quer jogar ao alto nível, quer voltar à Selecção, sempre foi o meu sonho desde muito cedo. Hoje em dia, a Selecção tem feito boas campanhas. Espero, em breve, estar junto com os colegas ou com a Selecção” declarou, cauteloso, Bastos.
Carmo ou Gaspar: quem cederia lugar a Bastos?
Em muitos círculos da crítica desportiva nacional, são recorrentes as discussões à volta do ‘esqueleto’ da Selecção Nacional com um eventual regresso de Bastos.
O debate ganha pujança dada a actual dupla de centrais que comanda a defesa dos Palancas Negras: David Carmo, 24 anos, e Kialonda Gaspar, 26, reúnem consenso de grupo significativo da opinião futebolística nacional.
O primeiro sagrou-se, recentemente, campeão da Liga Conferência da Europa, ao serviço do Olympiacos FC da Grécia; enquanto o segundo é capitão do Estrela da Amadora, da Liga Portuguesa, e estará a caminho da Série A.
Tais créditos animam a discussão em torno de uma selecção com Bastos integrado e suscitam um questionamento cada vez mais recorrente: Quem daria lugar a Bastos: Carmo ou Gaspar? Ninguém?
Mas há quem baralhe ainda mais as contas, incluindo nos ‘cálculos’ a concorrência de Buatu, o também experiente defesa central, já várias vezes titular indiscutível dos Palancas Negras.
A continuar a actuar ao mais alto nível, Bastos deverá forçar a FAF e o seu elenco de treinadores a ceder à pressão da opinião pública decidindo pelo regresso do jogador de 32 anos à Selecção, o que, a acontecer, seria uma ‘boa dor de cabeça’ para Gonçalves tratar…