A carência de recursos para investimentos e concessão de créditos é o principal handicap, relativamente à alavancagem de projectos no sector agro-industrial em Angola, como se pôde depreender das declarações do presidente do conselho de gestão da Nova Sotecma, Hélder Morais, à ‘Conversa E&M’, em alusão aos 25 anos da Revista Economia & Mercado.
Como solução do problema descrito, Hélder Morais apontou o investimento estrangeiro, pois (para o fundador da Nova Sotecma) os recursos internos são insuficientes para alavancar projectos ligados ao sector em referência.
“O Estado tem que facilitar o investimento estrangeiro. Para isso, deve criar políticas que facilite esse investimento. E não se tem verificado”, ‘desabafou’ Hélder Morais, empresário que actua no mercado angola há 30 anos.
A legislação angolana, sobretudo a fiscal, segundo o responsável máximo da Nova Sotecma (em resposta a uma questão), está longe de facilitar a actividade privada e o desenvolvimento do investimento estrangeiro no País.
O Executivo, na perspectiva do convidado da ‘Conversa E&M 25 anos’, deve proporcionar melhorias no ambiente de negócios para que os investidores privados nacionais e estrangeiros invistam em Angola. “Esse trabalho não custa dinheiro. É só vontade política e capacidade para o fazer”.
Relativamente ao investimento estrangeiro, Hélder Morais apresentou três pontos ‘fracturantes’, se resolvido melhoraria a questão. Trata-se da Lei de Terras, da Lei da Imigração e da disponibilização da mão-de-obra.
O empresário defendeu um ambiente de negócios isento de corrupção (que considerou endógena), pois com o qual jamais se conseguirá criar as condições necessárias para a atracção de mais investimento estrangeiro.
“O investidor estrangeiro precisa de garantia de que o investimento feito tenha segurança e possa repatriar capitais. Que o Banco Nacional de Angola (BNA) garanta isso”, disse Hélder Morais, que reconheceu o peso do petróleo na economia, embora defenda a diversificação económica.
Hélder Morais criticou o Estado pelo facto de investir e criar novos projectos empresariais, similares aos que privatizou num passado (muito) recente. Aliás, o empresário é apologista de uma economia sem intervenção pública.
“O Estado tem de deixar de substituir os empresários, deve criar condições para que eles façam”, disse, defendendo a mudança de paradigma porque todos os projectos com financiamento público fracassaram.
A Nova Sotecma existe há (quase) 30 anos, inicialmente, disse o presidente do conselho de gerência, fabricava máquinas agro-industriais. Mas, pelas condições do mercado, focou-se na área comercial e prestação de serviços, incluindo o sector da construção civil.