A educação é um dos principais elevadores sociais por ter o poder de transformar a vida do indivíduo independentemente do estrato social. José Gualberto de Matos, em declarações à ‘Conversa E&M 25 Anos’ partilhou a mesma visão, tendo ainda questionado a qualidade do ensino em Angola.
Face à importância da educação enquanto elevador social, a E&M aborda o principal evento ocorrido neste sector nos últimos 25 anos, coincidindo com o tempo de existência deste órgão de comunicação social. Players consideram a reforma educativa de 2002 o acontecimento de relevo.
“Se considerarmos o impacto no desenvolvimento humano e na mobilidade social, a reforma educativa é, sem dúvida, um dos principais eventos em Angola, nos últimos 25 anos. Está inserida num contexto de reconstrução e transformação nacional”, disse Alexandre Garcia, docente há 25 anos.
Para Garcia Alexandre, ligado à estrutura directiva de uma escola do I Ciclo do Ensino Secundário na província de Luanda, a reforma educativa foi implementada com o objectivo de melhorar o sistema de educação, aumentar o acesso à educação e adaptação às necessidades pós-guerra.
“Um dos objectivos centrais foi aumentar o número de crianças e jovens com acesso à educação, especialmente nas zonas rurais e periféricas, onde o acesso era limitado. A meta era reduzir a taxa de abandono escolar”, disse, para mais adiante afirmar que também era objectivo garantir que o aumento de escolas preservasse a qualidade do ensino.
Naquele ano, segundo dados do Ministério da Educação e da UNESCO, Angola contava com 19.012 salas de aulas e estavam matriculados mais de 2,5 milhões alunos. A taxa de abandono escolar rondava os 30%, ao passo que o número de crianças fora do sistema de ensino foi de 1,5 milhões.
De uma forma geral, segundo dados do Ministério da Educação, a reforma educativa visava a universalização da educação básica, melhoria da qualidade do ensino, formação e valorização dos professores, expansão da educação secundária e técnica, educação inclusiva, descentralização e autonomia das escolas, assim como a melhoria da infra-estrutura escolar.
“A intenção do Estado é promover valores de cidadania, paz e desenvolvimento sustentável, considerando o contexto pós-guerra, assim como a de reconstrução social”, informou Agnelo Alves dos Santos, docente há quase 28 anos, que já dirigiu uma escola do ensino primário em Malanje.
Uma das medidas, continuou o docente, actualmente também emprestado à advocacia, foi a inclusão de temas relacionados com os direitos humanos, paz, democracia e desenvolvimento sustentável nos currículos escolares.
Actualmente, segundo dados do Ministério da Educação e da UNESCO, Angola possui 103 mil 261 salas de aulas. Mais de 10 milhões de alunos foram matriculados no ano lectivo 2024/2025, sendo que 4 milhões de crianças estão excluídas do sistema de ensino. A taxa de abandono baixou 15%.