Das antigas cidades traçadas a régua e esquadro para alojarem os trabalhadores das empresas diamantíferas da época colonial às paisagens de fazer perder a respiração onde a água está sempre presente.
Neste canto nordeste da moldura que envolve o mapa de Angola encontramos as terras onde durante séculos prosperou o reino da Lunda, nascido, segundo a história que o tempo se encarregou de romancear, do amor entre a jovem Lueji 'A Nkondi, a maisjovem filha e herdeira de Kondi, patriarca das tribos bungu que por ali viviam,e o caçador da etnia luba Tchibinga Ilunga, também ele de ascendência nobre,neto do fundador do segundo império luba que tinha por hábito desafiar o poder dos Lundas invadindo as suas terras para caçar.
Apesar da sua pouca idade, Lueji (nome que em português se pode traduzir por “Lua”) já era muito respeitada pelo seu povo, pois demonstrava grande capacidade para resolver todos os dramas da governação, ouvindo os conselhos dos mais velhos e os anseios dos mais novos.
Dizem os relatos que era também dona de uma beleza rara, que terá encantado Tchibinda Ilunga quando se conheceram durante uma das incursões do caçador em terras Lundas. A paixão foi imediata e Lueji enfrentou o seu povo, casando com um homem de outra tribo e contrariando as regras impostas pela tradição. Quando decidiu dividir o governo do Reino com o marido,os dois irmãos mais velhos da jovem rainha, revoltados, ainda tentaram impedi-la, mas os guerreiros de Tchibinda Ilunga já na altura dominavam o canhangulo, arma de fogo que funcionava com pólvora, vencendo rapidamente os guerrilheiros Lundas que os enfrentavam com arcos e flechas. Os derrotados espalharam-se depois pelo território, estabelecendo-se em tribos que vieram enriquecer ainda mais o já vasto tecido étnico da região onde encontramos, além dos Lunda, os Cokwe , Kakhongo ou Bandinga, Baluba, Musuku, Bondo-Bangala, Khogi, Khari, Xinje, Matapa, Bena-May, Kakhete, e os Songo.
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