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Ramaphosa aponta para redução na emissão de carbono, mas sem comprometer empregos

Victória Maviluka
16/7/2024
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Foto:
DR

Dados oficiais referem que 80% da produção de electricidade da África do Sul depende do carvão, combustível fóssil que é um dos pilares da economia do país.

A África do Sul tem a economia mais industrializada do continente, sendo, por conseguinte, um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa do mundo. Cyril Ramaphosa, Presidente do país, reafirmou o compromisso de avançar para as energias renováveis, alertando, no entanto, que tal deve ser feito sem pôr em causa os empregos.

“Estamos perante um desafio climático de proporções excepcionais”, afirmou, nesta segunda-feira, 15, Ramaphosa, numa reunião de representantes governamentais e doadores internacionais sobre a transição para uma economia com base em energias mais limpas.

Dados oficiais referem que 80% da produção de electricidade da África do Sul depende do carvão, combustível fóssil que é um dos pilares da economia do país e que emprega mais de 100.000 pessoas.

Preocupado com os níveis de emissão do país, Cyril Ramaphosa observou, citado pela agência Lusa, que “é essencial” que esta transição “seja justa e inclusiva e que nenhum trabalhador ou comunidade seja deixado para trás”.

A África do Sul vai descarbonizar-se “a um ritmo e a uma escala acessíveis” para a sua economia e sociedade, disse Ramaphosa, para quem agir muito rapidamente, antes que soluções alternativas sejam implementadas, pode prejudicar sectores inteiros da economia. 

Em 2022, o Banco Mundial concedeu um financiamento de 497 milhões de dólares para desmantelar uma das maiores centrais eléctricas a carvão do país e convertê-la em energia renovável.

Porém, o abandono do carvão está a encontrar resistência, nomeadamente no Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido de Ramaphosa, que está no poder há 30 anos e que há muito conta com o apoio dos sindicatos dos mineiros.

O emprego é uma questão crucial na África do Sul, onde a taxa de desemprego ultrapassa os 30%. No entanto, o país sofre de escassez de electricidade, escreve a agência portuguesa.

As infra-estruturas envelhecidas e mal conservadas da empresa pública de electricidade provocam cortes de energia, que chegaram a atingir 12 horas por dia em algumas zonas do país no ano passado.

Nos últimos anos, a África do Sul mostrou-se receptiva ao investimento privado para criar um mercado de electricidade competitivo e apresentou como alternativas o hidrogénio verde e a energia eólica.