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Sonho namibiano de lucros com ‘ouro negro’ esbarra na proporção “muito alta” de gás em petróleo

Victória Maviluka
8/11/2024
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Foto:
DR

Lei namibiana proíbe a queima de gás, que libera CO2 na atmosfera, o que significa que as empresas terão que injectar o gás de volta no reservatório ou processá-lo para consumo.

É uma surpresa desagradável para um país que viu trabalhos prospectivos a apontarem para a presença de petróleo em grandes quantidades nas suas águas. Parte significativa de descobertas na Namíbia revela a presença de proporções altas de gás em petróleo, o que obriga à instalação de importantes infra-estruturas adicionais para o tratamento do gás.

Esta percentagem alta de gás nos campos é vista por executivos, políticos e agentes da indústria petrolífera local como uma séria ameaça à expectativa de aceleramento do desenvolvimento do país e aos investimentos feitos pelas companhias, noticia a Reuters. 

"O que estamos a constatar é que todas as nossas descobertas têm uma proporção muito alta de gás para petróleo", disse a Comissária de Petróleo da Namíbia, Maggy Shino, numa recente conferência do sector.

A lei namibiana proíbe a queima de gás, que libera CO2 na atmosfera, o que significa que as empresas terão que injectar o gás de volta no reservatório ou processá-lo para consumo, o que Shino disse ser a coisa certa a fazer de qualquer maneira.

"Queremos realmente utilizar o gás e gerar o máximo de valor possível... e, então, iniciar a indústria de gás para energia e petroquímica, estabelecida na Namíbia", acrescentou, citada pela agência britânica.

O Governo da Namíbia, que estabeleceu inicialmente a obtenção do primeiro petróleo em 2026, está, agora, a trabalhar com operadores para chegar a um acordo sobre um plano único com infra-estrutura para os 8,7 triliões de pés cúbicos de gás descobertos inesperadamente.

A ideia é renovar um projecto há muito parado para canalizar gás para uma usina eléctrica a gás em terra para abastecer a Namíbia, a vizinha África do Sul e outros países.

As autoridades namibianas iniciaram, assim, negociações com a Shell, Total, Galp, e a norueguesa BW Energy, e querem que a empresa petrolífera nacional do país, a NAMCOR, lidere o plano de desenvolvimento de gás.

Para as empresas, o problema é que o trabalho adicional pode atrasar a produção de petróleo até à década de 2030, dificultando, desta forma, a rentabilidade.