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Uíge. A herança do café

Susana Gonçalves
7/5/2019
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Foto:
Carlos Aguiar

Chegados à cidade do Uíge estabelecemos a nossa “base”. O centro urbano obedece às típicas “regras” do traçado colonial, que testemunham o progresso vivido na cidade nas décadas de 1960 a 1970.

Dos seus pontos mais elevados, como no miradouro do largo do edifício da Rádio Nacional, temos uma visão da extensão da cidade, que se espalha pelos montes vizinhos, sempre pontuada pelo verde das muitas árvores que enfeitam as ruas dos bairros.

De manhã cedo partimos para a vila de Songo em busca de uma nova lagoa e de uma nova lenda. No bairro de Kimakuna, a Lagoa de Mufututu é uma nascente pequena, de águas transparentes e calmas. Calmas, sobretudo, porque nada pode perturbara tranquilidade daquele local. Para o podermos visitar, o soba repete os ritos que já conhecemos: oferece bebida e comida à sereia que guarda o local. É por causa dela que não é possível tomar banho ou pescar nas suas águas, apenas contemplá-las e respirar o ar puro.

Sempre em viaturas 4X4, rumamos a norte, até à vila de Maquela do Zombo, quase na fronteira com a República Democrática do Congo, à descoberta da Reserva Florestal do Béu. Com a ajuda de um guia, aventuramo-nos nesta floresta densa, com cerca de 1.400 Km2, onde viverão elefantes, búfalos, antílopes e macacos azuis que, adivinhamos, nos espreitam por detrás da vegetação que nos envolve e encanta.

A ausência de estradas obriga-nos a regressar à capital da província para nos dirigirmos a Quimbele, no nordeste, sempre por estradas ladeadas por floresta, plantações de bananeiras e palmeiras, atravessadas aqui e ali por pequenas aldeias e vilas perdidas no tempo e por mercados onde se vendem os principais produtos da província. Terra de cultura rica, onde vários grupos mantêm as tradições, por aqui encontramos velhas fazendas abandonadas e alguns cafezais onde os trabalhadores mais antigos transmitem aos mais novos os segredos da produção do café.

Leia mais na edição de Abril de 2019

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